Eu passei alguns dias sumida daqui do blog. E quando isso acontece, dói loucamente. Mas preciso confessar que foi preciso.
A minha newsletter está pertinho de nascer e eu precisei deixar que as questões tecnológicas dela fossem resolvidas.
Eu também precisava muito costurar, ter aquele momento só meu lá no ataliê. Para ter uma ideia, a última peça que fiz para mim foi aquela blusa de seda maravilhosa com estampa de insetos, em maio.
E eu tinha uma semana no Rio me esperando, com direito a Rock in Rio e tudo.
De vez em quando, alguns momentos desconectada se fazem necessários para que as ideias surjam com mais clareza. Por mais que eu esteja acostumada a escrever, eu não consigo escrever algo – ainda mais em primeira pessoa – sem estar inspirada, então eu precisei deste respiro para voltar. E aqui estou eu de volta com este e mais alguns posts a caminho!
O vestido desaparecido
Eu cortei este vestido há dois anos atrás e, por uma série de motivos ocorridos no ano louco de 2015, ele ficou guardado num pacotinho. Ao arrumar alguns tecidos que precisavam ser guardados, cheguei ao tal pacotinho. Nele encontrei muitos cortes de malha, em cor marrom acinzentada, ainda com os moldes alfinetados (por sorte eles não enferrujaram, ufa!).
Fui resgatar a história por trás da peça e do seu esquecimento, enquanto buscava a fonte do molde. Por sorte, eu sempre anoto em cada pedacinho do molde de onde ele veio. Era um vestido de malha, com muitas nesgas, vindo da Burda de maio de 2015, que apareceu de relance neste e neste post.
Na época eu estava costurando muitas peças em malha pois estava em processo de emagrecimento, preterindo o tecido plano. Eu tinha dúvidas em relação à cor, esse marrom meio acinzentado. Também estava fazendo o curso de modelagem do Senac e encantada com as possibilidades de construir nesgas para as peças, principalmente nas saias. Minha casa estava em fase final de reforma e eu precisei empacotar todo o meu ateliê para deixá-lo do jeitinho que ele é hoje. E toda essa conjunção de fatores me fez cortar este vestido, assim como me fez deixá-lo de lado.
Como eu demoro um pouco para copiar o molde e cortar o tecido, achar este projeto era o que eu precisava para voltar a costurar! Porque era só entender a montagem da peça e acelerar na overloque, oba!
E assim eu fui tocando a costura deste vestido, cheio de recortes e 10 nesgas (sim! 8 na saia e 2 nas mangas) até que consegui terminá-lo na véspera de ir para o Rio.
Eu já fiz isso de levar peça nova para estrear em viagem, propositalmente, mas desta vez coincidiu mesmo – apesar de eu ter como mantra na minha vida que coincidências não existem, rs!
O vestido pronto
Aqui está o vestido pronto. Demorei um pouco para costurá-lo por questão de tempo escasso e aí usei meu bom e velho recurso de fazer uma hora por dia, contei sobre isso quando comecei esse exato vestido aqui.
Quebrei a cabeça para entender o encaixe dos ombros, também recortados e meu manequim de prova (a Giselle) me ajudou a visualizar após algumas alfinetadas. Alinhavei algumas partes antes de terminar para certificar que eu poderia omitir o zíper invisível traseiro e deu certo. Só ficou para melhorar a costura rebatida do decote, pois o revel insiste em virar para fora, rs!
Look do Dia
Usei o vestido logo que cheguei no Rio, no nosso primeiro programa na cidade: um show incrível no Blue Note (uma casa de jazz super famosa de NY e que abriu recentemente uma filial no Rio). Assistimos um show encantador de música brasileira, com Jacques Morelenbaum e convidados.
A ocasião pedia um look mais arrumadinho e aí o vestido cumpriu bem a função, com minhas amadas botinhas e um lenço no punho para substituir a tradicional pulseira (truque bacanérrimo para tirar os lenços do armário, né?!). Os acessórios puxaram um tiquinho para o roxo, com o detalhe do lenço, dos brincos e do batom.
(Clique em uma das fotos da galeria para ver em tela cheia!)
Apesar do volume que as nesgas acabam acrescentando, ele ficou só do joelho pra baixo. O vestido ficou sequinho na medida, sem ficar muito justo, me senti até mais magra com ele! As linhas verticais dos recortes ajudam não só a alongar como também a não marcar (ou marcar menos) o que a gente não quer, eu gosto muito deste recurso! E o movimento das nesgas ao andar? Não tinha como não dançar esta peça!
As nesgas das mangas ajudaram a dar um voluminho charmoso de tecido e assim as mangas não ficaram justas nos meus bracinhos gordos. Ou seja, também funcionaram muito bem!
E a cor é maravilhosa para mim, está super dentro da minha cartela, por se tratar de um marrom mais frio. Hoje em dia eu a vejo com outros olhos!
Vestido de malha com nesgas: tecido ponto roma comprado na Tissus Reine (Paris), molde da revista Burda de maio de 2015.
Botas: Schutz
Lenço: Liberty London, vintage, comprado na L’oiseau.
Brincos: super antigos, não lembro o nome da loja!
Logo eu, que nunca deixo um projeto sem terminar, resgatei este perdido em ótima hora!
Estou super feliz com ele! O que você achou?